Por Edivânia Marques*
Vindo de todos os cantos, com um Legado imensurável de quem parecia ter centenas de anos, porém era apenas um super jovem. Aos 29 anos, Benicio já havia dedicado grande parte da vida à defesa de outras vidas, sobretudo à vida indígena e a das juventudes.
Os territórios espirituais/sagrados que margeiam a cidade de Fortaleza por essa força ancestral, dos povos originários Piraguarys, pulsam vivacidade, esperança e jovialidade de uma aldeia eminentemente jovem, trás em si, a articulação poética do sábio rapaz que se despede desse mundo hoje deixando um legado de ensinamentos, resistência e organização social como esferas de defesa não apenas de um povo, mas de uma história, de uma identidade pura/originária, dessa terra Brasil.
Pelos lugares de afetos e cuidados do Grande Bom Jardim (uma de suas moradas): Movimentos de Saúde Mental, Centro Cultural Bom Jardim, Casa AME etc. Ele se fez povos e nos possibilitou ter contato com a nossa história, tão cruelmente apagada pelos colonizadores…
Aos poucos, mas de forma intensa, o I Festival das Juventudes do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza possibilitou que jovens do GBJ pudessem imergir em uma experiência única e memorável na Aldeia Pitaguary. Desde então, pudemos perceber enquanto Juventude organizada, o quão rica nossa Mãe Terra é, e, quanta cultura há em nosso povo originário. O que as juventudes do GBJ viveram neste território durante toda aquela manhã, faz jus ao reconhecimento de que “nosso canto é arma, sabemos, e há tempos estamos na Luta”.
Seguimos hoje, com o Benicio em memória e no coração, mas sobretudo na práxis necessária para a perpetuação do nosso povo ! Cada traço, cada cor, cada cuidado, massagens, danças e cantos ressoam em nós como um eco de amor e esperança que um dia, nos (re) encontraremos no sagrado da vida em uma única Aldeia: a do Amor ! Dançado torés, cirandas, enfim… Sendo círculos, “sem começo e sem fim”.
Voa dentro de nós, Benicio !
- Geógrafa, professora e associada ao CDVHS.