Na manhã de sexta, 02 de setembro, a organização da sociedade civil Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS), lançou, em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão Diálogos Urbanos, da UNILAB, e com o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Geografia da Alimentação (Nupega), da UFC, a 1ª edição da Pesquisa Comunitária, Territorial, Participativa, Colaborativa e Extensionista Mapa Participativo de Enfrentamento à Fome do Grande Bom Jardim. O evento aconteceu no Teatro Marcus Miranda, do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), situado à Rua Três Corações, 400, Granja Lisboa, Fortaleza, Ceará.
São sujeitos de pesquisa 19 Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim, a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Grande Bom Jardim, as comunidades da Zona Especial de Interesse Social Bom Jardim (ZEIS Bom Jardim). A pesquisa, realizada junto à Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim, gerou a edição de 7 mapas georeferenciados e um Relatório Técnico. O processo participativo envolvendo a Rede de Cozinhas, pesquisadores populares, professores e pesquisadores acadêmicos da Unilab e UFC tambe gerou uma Carta Pública e um conjunto de propostas de políticas públicas de curto e médio praz para o enfrentamento à Fome no Grande Bom Jardim, aplicável a outrs regiões faminta da cidade de Fortaleza!
Objetivos da Pesquisa
A pesquisa tem como objetivo central “Elaborar participativamente o Mapa do Enfrentamento à Fome do Grande Bom Jardim (GBJ), fundamentando e fomentando a elaboração e a execução de ações e de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional para o território”.
E os seguintes objetivos específicos:
- identificar as áreas, as comunidades e as famílias mais vulneráveis, considerando escalas físico-geográficas intrabairros;
- fortalecer uma dinâmica de mobilização social e protagonismo político, na luta pela segurança alimentar e nutricional;
- evidenciar a relevância e o lugar das cozinhas comunitárias na promoção da segurança alimentar e nutricional no território, identificando estratégias para o fortalecimento e a sustentabilidade dessas cozinhas;
- contribuir para a construção de uma forma permanente de organização e atuação popular-comunitária local para a promoção da segurança alimentar e nutricional no território do GBJ, em diálogo com a Rede DLIS do GBJ;
- gerar demandas, recomendações e propostas de ações públicas para a promoção da segurança alimentar e nutricional no território, de caráter emergencial e de médio e longo prazo; fomentar a concepção e execução de uma política de segurança alimentar e nutricional para os territórios periféricos na cidade de Fortaleza, articulando sistemas e políticas públicas e a instituição de fundos públicos;
Metodologias Adotadas na Pesquisa Fortaleceram Sujeitos
O processo de pesquisa teve início em janeiro de 2022 e se estrutura nas fases pré-produção, produção e pós-produção. O primeiro passo foi a composição de parcerias e elaboração colaborativa de projeto de pesquisa. Em abril, foi composta a equipe técnica com 10 membros. Dia 20 de maio o projeto foi coletivizado com os sujeitos de pesquisa em reunião presencial e construído e pactuado calendário de trabalho e assinado os termos de consentimento de participação e cessão de direitos.
Foram realizadas visitas in loco a 15 cozinhas comunitárias para aplicação de:
- 3 instrumentos de coleta de dados (pré-teste);
- 06 oficinas de leitura comunitária para coleta de dados a partir da cartografia social com 19 cozinhas comunitárias, sendo 02 oficinas presenciais e 04 remotas;
- 11 rodas de diálogo para apresentação conferência, qualificação e validação dos mapas sendo 02 presenciais e 09 remotas;
- 01 roda de diálogo para construção coletiva e participativa de propostas de políticas públicas a serem incluídas como recomendações; e
- 02 rodas de diálogo remotas para validação final dos sete mapas elaborados.
A partir do lançamento estamos tornando públicos o Relatório Técnico de Pesquisa; Síntese Diagnóstica além de 07 mapas resultados da pesquisa.
O Relatório Técnico de Pesquisa é estruturado em seis capítulos:
- Introdução;
- Estratégias Metodológicas e a Dinâmica da Pesquisa; –
- A Fome e a (In)segurança Alimentar e Nutricional;
- Síntese da Fome e do Enfrentamento à fome no Grande Bom Jardim: análise dos dados empíricos;
- Recomendações ou Ações de Exigibilidade de Direitos em Segurança Alimentar e Nutricional;
- Considerações Finais.
A Rede de Cozinhas Comunitárias também torna pública a Carta da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim.
Resultados da Pesquisa
Dois dos principais produtos da Pesquisa são: o conjunto de 07 mapas da Fome no Grande Bom Jardim e um quadro de recomendações de políticas públicas aos poderes públicos.
Os 07 mapas são:
1 – mapa da Rede de 19 Cozinhas Comunitárias articulando com as malhas das redes públicas de educação, de saúde, de assistência social;
2 – mapa das 62 comunidades e áreas atendidas pelas 19 cozinhas comunitárias;
3 – mapa com listagem das 62 comunidades e áreas atendidas por cada uma das 19 cozinhas comunitárias;
4 – mapa das 17 comunidades e áreas onde a fome se apresenta na forma severa;
5 – mapa articulando as 17 comunidades e áreas onde a fome se apresenta na forma severa com a Zona Especial de Interesse Social Bom Jardim e com assentamentos precários;
6 – mapa articula as 62 comunidades e áreas atendidas pelas 19 cozinhas comunitárias com a área da Zona Especial de Interesse Social Bom Jardim;
7 – mapa da rede de cooperação entre as 19 cozinhas comunitárias da Rede do Grande Bom Jardim.
Depoimentos
“A gente observa que as áreas mais críticas da fome apontadas pelos atendimentos das cozinhas coincidem também as áreas ditas de assentamentos precários, ou seja, áreas que já são de reconhecimento público que são áreas vulneráveis. Portanto, a pesquisa pode identificar bem essa relação, assim como pode identificar a dimensão territorial de alcance do trabalho desta rede de cozinhas comunitárias. Por exemplo, somente o bairro Bom Jardim chega a ter praticamente uma cobertura total do bairro. É gigantesco e grandioso demais o trabalho das cozinhas comunitárias no Grande Bom Jardim. Assim como praticamente toda área da ZEIS Bom Jardim é composta por comunidades e áreas atendidas pelas cozinhas comunitárias. Elas não tinham noção de quão rede essas 19 cozinhas já eram. Então, basicamente, a pesquisa agora trouxe à luz algo que já estava ocorrendo, estas atuam em Rede de Cozinhas Comunitárias do Território Grande Bom Jardim”. Regina Balbino, doutorando em geografia pela UFC e pesquisadora Diálogos Urbanos.
“Uns dos principais resultados deste processo comunitário participativo e extensionista de pesquisa da fome no Grande Bom Jardim são: o entendimento coletivo e o espírito de corpo entre as lideranças que representam as cozinhas pesquisadas que elas juntas são fortes politicamente; que o território GBJ é um reduto na cidade em cozinha comunitária; que os seus trabalhos têm um alcance de mais de mais de 5,3 mil famílias, quase 14 mil pessoas em 62 comunidades, e produzindo juntas mais de 187,6 mil refeições por ano; e, principalmente, que juntas formam a Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim, muito provavelmente, a primeira da cidade de Fortaleza”. Adriano Almeida, sociólogo, associado ao CDVHS e coordenação da pesquisa de campo.
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Texto de Adriano Almeida com colaboração de Rogério Costa.