Lideranças e parceiros pactuam a realização conjunta de atividades de fortalecimento da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim

Texto: Adriano Almeida

Na segunda, 05/06, entre 16h30 e 18h30, pela plataforma Google Meet, com a participação de 32 pessoas em tela, aconteceu a reunião remota da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim, enquanto primeira atividade do projeto “Fortalecimento da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim”.

O projeto tem como agente proponente o Centro Herbert de Souza e parceiro o Grupo Diálogos de Extensão e Pesquisas Interdisciplinares vinculado à Unilab, e recebe fomento da Cese e de Misereor, com investimentos conjuntos de 15 mil reais. Ele foi estruturado em 06 dimensões, organizado em 11 atividades e com prazo de execução de três meses de junho a agosto de 2023. O projeto Fortalecimento envolverá 40 lideranças das 24 cozinhas comunitárias da Rede, sendo 30 mulheres e 08 jovens. 

O momento contou com falas institucionais da organização proponente e da co-executora. Na sequência, houve uma apresentação institucional do projeto, com falas de lideranças das cozinhas comunitárias, posicionando-se acerca da oportunidade de captação de recursos e apoio da Cese e Misereor e dos desafios do trabalho em rede, e, por fim, a definição dos calendários das principais dimensões do projeto. 

Para Lúcia Albuquerque, coordenadora executiva do Centro Herbert de Souza, “o fato da criação da Rede de Cozinhas Comunitárias como fruto da pesquisa “Mapa Participativo de Enfrentamento à Fome para enfrentar essa pauta central de ter políticas públicas para enfrentamento da fome, só o fato de termos formado esta Rede foi um grande feito. Mas para que ela continue existindo é preciso que a gente cuide dela. E nós precisamos, sobretudo, ser rede e agir em rede, saber agir em rede. Aí começamos a conversar e articulamos essa parceira ecumênica, que tem sede na Bahia, chamada CESE, com a qual o CDVHS já teve projetos fomentados por ela, sempre pequenos projetos que, somados com nossas forças e com a de outras parcerias, podem gerar grandes resultados. Conversando com o professor Eduardo, Rogério, Adriano e Eu, escrevemos uma proposta a oito mãos com foco no fortalecimento da Rede, uma pequena contribuição que pode nos ajudar muito, nos ajudando a nos sentir, a nos pensar e agirmos como Rede de Cozinhas. O projeto Fortalecimento é um convite a nos pensar e nos refletir diante das nossas experiências, um exercício necessário para todas as redes. Então, essa é mais uma contribuição do CDVHS, pois acreditamos que esta instância tem um potencial enorme de transformação social desse território onde encontramos muitas desigualdades, situações extremas de pobreza, mas que também tem muitos coletivos, muitas associações com muita disposição de caminhar em rede”. 

Para o professor Eduardo Gomes Machado, coordenador do Diálogos, Unilab, e coordenador geral do projeto Fortalecimento, “um dos debates centrais trazidos pelo mapa são os desafios enfrentados pelas cozinhas comunitárias. O Mapa da Fome identificou três coisas principais: 1 a relevância social e política das cozinhas sociais, chamando a sociedade política à responsabilidade, no que tange a sustentabilidade; 2 – apresentação de um conjunto de demandas emergenciais e estruturantes; 3 – garantir uma política estruturante e consistente de segurança alimentar e nutricional que erradique a fome. O grande ganho foi a Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim e parceiros que conseguiram incorporar suas demandas na política estadual Programa Ceará Sem Fome. Esse projeto da CESE trabalha com foco principal no Fortalecimento da Rede de Cozinhas, pois é importante que essa rede continue pressionando o poder público, demandando, fiscalizando, e, para isso, é preciso que se tenha uma vivência coletiva, um amadurecimento. Ela nasceu a pouquíssimo tempo e portanto é necessário o amadurecimento, num projeto de formação de lideranças, com foco no planejamento estratégico participativo, na realização da segunda edição da Caravana de diálogo com gestores, parlamentares e judiciário; na realização de dois ciclos formativos em direitos humanos, e na realização de dois eventos públicos, um na Unilab e outro no Grande Bom Jardim, para fortalecer a visibilidade da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim”. 

Gabriel Sousa, representante do Instituto SOS Periferia, ressalta a importância da participação de todas as unidades integrantes da Rede, “já que é uma rede é importante todas se engajarem”. Ele observa ainda a importância do bom relacionamento e do respeito recíproco. “Eu agradeço pela verba que veio para ajudar a Rede de Cozinhas Comunitárias” […] e que cada uma tenha mais consciência para trabalhar em equipe porque infelizmente tem egoísmo e sem união a gente não vai pra lugar nenhum”. 

Para Regina Maia, do Centro União Beneficente dos Moradores da Granja Portugal, “se formos falar de rede, nós temos ainda muita coisa para mudar enquanto Rede de Cozinhas, porque ainda tá longe de ser uma rede, como Gabriel falou. Ela destaca a falta de união entre as unidades componentes, mas nisso o projeto veio para contornar, avalia a liderança. Maia ainda destaca a relevância do projeto gerar renda e reconhecer as pessoas que já trabalhavam voluntariamente, como Adriano Almeida e Gabriel Sousa.

Além das duas organizações citadas, participaram ainda 22 das 24 cozinhas comunitárias integrantes do coletivo, que são sujeitos da intervenção: Cozinha Social AMBJUNIDAS – Cozinha Comunitária São Miguel; Cozinha Comunitária Instituto Maria do Carmo; Cozinha Comunitária CPEC Pé no Chão; Cozinha Social Projeto Irmão Sol, Irmã Lua; Cozinha Cultura Solidária Afoxé Omõrisà Odè; Cozinha Solidária e Criativa Criart; Instituto SOS Periferia; Cozinha Social ASCOPAN; Cozinha Comunitária da Paróquia Santa Paula Frassinetti; Cozinha Comunitária Instituto Avivar; Cozinha Comunitária da Associação Comunitária dos Moradores do Marrocos; Cozinha Comunitária COMPASA; Cozinha Comunitária Organização Queira o Bem; Cozinha Comunitária CUBMGP; Cozinha Solidária Ana Facó; Cozinha Comunitária; Cozinha Comunitária Bom Viver Brilho Flores; Cozinha Mãe África; Casa da Vovó; Cozinha Comunitária Palmares – Conselho Comunitário de Defesa Social da Granja Lisboa; Cozinha Comunitária Sete de Setembro; Cozinha Comunitária Planalto Vitória.

As seis atividades da dimensão “Planejamento Estratégico Participativo” têm previsão de execução no mês de julho, sendo os dois seminários estratégicos participativos nos sábados 01 e 29 de julho. Já a atividade da dimensão “Exigibilidade de Direitos”, a 2ª edição da Caravana às cozinhas comunitárias com a participação de parlamentares, gestores e do judiciário tem indicativo de acontecer na primeira quinzena de agosto. As duas atividades formativas da dimensão “Oficinas” têm previsão de acontecer: a primeira, sobre segurança alimentar e nutricional, gastronomia social e agroecologia urbana, ou dia 03 ou dia 04 de julho; a segunda, sobre questões de gênero e racismo, ou dia 24 ou dia 25 de julho. Ambas têm 4 horas aulas, turno da manhã. E como culminância, na segunda quinzena de agosto, serão realizadas as duas atividades da dimensão “Eventos Públicos”, sendo uma no Campus da Unilab e a outra no território Grande Bom Jardim.

O coletivo ainda decidiu qualificar a composição da Comissão de Metodologia, instância que será responsável pelo planejamento político-pedagógico e co-realização didática de todas as atividades do projeto. Compõe a instância Eduardo – Diálogos/Unilab; Adriano – assessoria técnica articulação e coordenação e executiva; Cilene Silva – Instituto Maria do Carmo; Gabriel Sousa – SOS Periferia; Rogério Costa – CDVHS; Geyse Anne – Diálogos/Unilab; Iara Gomes – NUPEGA/UFC; Fátima Oliveira – Bom Viver Brilho Flores; Regina Maia – CUBMGP; Warley Miranda –  Ana Facó.