O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) lançou na tarde do último dia 22 o relatório parcial da pesquisa “Violência no Grande Bom Jardim sob a perspectiva de estudantes de escolas públicas de ensino médio: vitimização, percepções sobre segurança e repercussões educacionais”. O evento aconteceu na Escola de Ensino Médio Dona Júlia Alves Pessoa e contou com a participação de gestores públicos, estudantes, pesquisadores, professores da rede pública, coletivos de juventudes e militantes sociais.
Para o coordenador do estudo, João Paulo Barros, professor do curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), o ponto de partida foram as iniciativas que visam escutar demandas e contribuir com a construção de conhecimento para o enfrentamento à violência. Ele, que também é coordenador do Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES), explicou que o relatório parcial apresentado já contém todos os dados sistematizados. Além disso, o documento final, com publicação prevista para julho, incluirá recomendações. “Os resultados dessa investigação podem subsidiar futuras práticas de prevenção de violência, redes de proteção social e promoção de direitos humanos no contexto escolar e no território de vida das juventudes”, garantiu.
Link para acessar o relatório parcial da pesquisa: https://drive.google.com/file/d/1Uw6frJamfCWHRN-vBa2qUVJghHn41atY/view?usp=sharing
As parcerias que possibilitaram a promoção da pesquisa foram destacadas pela coordenadora do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza, Lúcia Albuquerque. Segundo ela, o lançamento em 2021 de um edital pelo Instituto Unibanco, parceiro anterior do CDVHS em uma ação de enfrentamento à fome durante a pandemia, foi percebido como oportunidade ideal para apoiar a investigação. “Apresentamos uma proposta para que pudéssemos fortalecer a ação do Centro de Defesa da Vida na medida em que a gente consegue sistematizar conhecimentos de uma realidade que tem dificuldades e que tem potências”, afirmou. Para ela, a intenção era apostar na importância de conhecer a realidade para intervir de forma mais preparada. O Instituto Unibanco estava representado na mesa pela gerente de implementação de projetos e programas educacionais, Luciana Almeida Lima.
Outra articulação estratégica para o CDVHS tem sido com pesquisadores da UFC. Para o estudo, além da cooperação com VIESES, houve apoio do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), que também tem longa relação com a entidade. “A gente poder somar e contribuir é sempre um privilégio, um privilégio da universidade, que tem essa possibilidade de dialogar, de pensar junto e de fazer, às vezes, uma pequena diferença”, comentou Luiz Fábio Paiva, professor do curso de Sociologia e coordenador do LEV. “Às vezes é um pequeno ganho que vai construindo experiências em rede. Criando elos a gente cria forças para superar problemas sociais que, como a violência, só podem ser vencidos coletivamente”, acrescentou.
A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) marcou presença no evento com a participação da secretária executiva do Ensino Médio e Profissional, Jucineide Fernandes, e de representantes da Coordenadoria de Educação em Direitos Humanos, Inclusão e Acessibilidade, da Célula de Mediação Escolar e Cultura de Paz e da Superintendência 3 das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor 3). Presente na mesa, o secretário executivo de Equidade, Direitos Humanos, Educação Complementar e Protagonismo Estudantil, Helder Nogueira, anunciou estar trabalhando junto aos gestores das escolas para formular caminhos de fomento à cultura de paz nas escolas.
Maiores protagonistas do estudo e do lançamento, adolescentes e jovens do Grande Bom Jardim se fizeram presentes com falas enfáticas e apresentações culturais. Nas palavras da estudante Thayná Sousa da Silva, “é muito importante a juventude estar aqui, porque se entende e tem que estar protagonizando, ocupando esse espaço e lutando pelo nosso direito”. Na visão dela, historicamente os territórios da região tem sofrido com ausência de políticas públicas e são os jovens quem mais sofrem com isso. “A gente pede atenção. A nossa juventude quer viver, quer cultura, educação de qualidade. A gente tem que ter atenção a ela. O protagonismo dos adolescentes tem que crescer, tem que movimentar”, enfatizou.
A investigação foi realizada com 497 alunos das 12 escolas de Ensino Médio que integram o Fórum de Escolas do Grande Bom Jardim. Na avaliação da diretora da EEMTI Senador Osires Pontes, Adriana Lopes, representante do Fórum no lançamento, essa articulação das unidades escolares atua acionando as redes de proteção e desenvolvendo ações para enfrentamento da violência e luta pela garantia de direitos dos estudantes. “É também uma maneira de potencializar o que o território do Grande Bom Jardim tem de bom, através de evidências de cultura, das potências que a nossa juventude é capaz de evidenciar”, complementou.
O evento integrou a programação do 2º Seminário de Fortalecimento da Rede de Proteção Social do Grande Bom Jardim, promovido pela articulação de organizações da sociedade civil. Além do CDVHS, participaram da organização do espaço os Jovens Agentes de Paz e a Rede de Desenvolvimento Local e Sustentável do Grande Bom Jardim (Rede DLIS), grupos de pesquisadores – LEV/UFC e VIESES/UFC – com apoio do Instituto Unibanco, da Open Society Foundations e da Misereor.
https://www.youtube.com/watch?v=iUAM7Wdyjn8