CDVHS e coletivos de juventudes do Grande Bom Jardim marcam presença na construção e na realização da 13ª Marcha da Periferia

Com o tema “Curió canta por liberdade! Lutamos por reparação e bem viver, das favelas à Palestina”, a 13ª Marcha da Periferia aconteceu no dia 29 de novembro, na Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, reafirmando seu papel histórico como um dos mais importantes movimentos de denúncia, resistência e mobilização popular do Ceará.

Nascida da articulação de movimentos negros, culturais, de juventude e de moradores das favelas, a Marcha consolidou-se como um espaço de expressão política das periferias, denunciando a violência policial, o racismo institucional, a falta de infraestrutura urbana, os ataques à juventude negra, a LGBTfobia e a ausência de políticas públicas que garantam dignidade e bem viver para quem vive longe dos centros de decisão.

Um processo que começa no território

Mais do que um evento pontual, a Marcha da Periferia é um processo coletivo de construção política, que se inicia ainda no mês de agosto, com plenárias semanais, pré-marchas nos territórios e rodas de conversa sobre cultura, direito à cidade, segurança pública, movimentos de mães e juventudes periféricas. Esse percurso reafirma que a luta nasce nos becos, nas quadras, nas escolas e nos grupos culturais que transformam o território todos os dias.

O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) construiu, junto a outras organizações da sociedade civil e coletivos juvenis e culturais, a 13ª edição da Marcha. No dia 29 de novembro, o CDVHS esteve presente no momento de culminância com a participação ativa de diversos coletivos do Grande Bom Jardim, fortalecendo o protagonismo juvenil e comunitário na luta por direitos.

Vozes da periferia

Para Isaac, do Coletivo Jovens Agentes de Paz, participar da Marcha é um ato de existência:

“Participar da 13ª Marcha da Periferia é um ato de existência e resistência. É onde podemos falar e gritar sobre nossas dores e indignações diante de um sistema que oprime quem vive na periferia. Diante disso, nasce muita arte e cultura, mostrando que o nosso povo vive e resiste.”

A estudante Lucielle Evilyn do Nascimento Neves, da EEM Santo Amaro e participante do Festival das Juventudes: Arte, Cultura e Formação em Direitos Humanos, reforça o caráter coletivo da mobilização:

“Não foi só uma caminhada, foi um pedaço da nossa batalha pelos direitos que devemos e merecemos ter, pelas vidas tomadas nas nossas quebradas e pelo choro de cada familiar que perdeu alguém. Marchamos para proteger e clamar pelo que é nosso.”

A educadora social Dani, do Projeto Vivo Cidadania do CDVHS, destaca o compromisso permanente da organização com a luta:

“O CDVHS está presente em todas as fases dessa construção coletiva, atuando lado a lado com a comunidade e reafirmando, ano após ano, seu compromisso com a reparação histórica, o bem viver e a defesa dos direitos das populações do Grande Bom Jardim.”

Já o psicólogo e associado do CDVHS, Jean Borges, enfatiza a dimensão política e simbólica da Marcha:

“Caminhamos juntxs, indignadxs pelas existências interrompidas, denunciando as violências, os silenciamentos e a necropolítica de Estado. Marchamos afirmando que não recuaremos enquanto não houver igualdade no trato e defesa da vida nas nossas favelas.”

Para Maria de Fátima, do Coletivo Jovens Agentes de Paz (JAP), a Marcha também é um espaço de memória e denúncia:

“Na 13ª Marcha lembramos os 10 anos da Chacina do Curió, um ato de atrocidade que marcou Fortaleza. A juventude da periferia quer viver, estudar, trabalhar e mudar a vida da sua família. Marchar é lutar por políticas de vida, não de morte.”

Carta política e defesa do bem viver

A 13ª Marcha da Periferia resultou ainda na elaboração de uma carta política, que reúne denúncias sobre as ausências do Estado e reivindica políticas públicas voltadas às juventudes periféricas, reafirmando a luta por memória, justiça, reparação e bem viver.

Mais do que uma mobilização, a Marcha da Periferia é um ato político, pedagógico e cultural, que reafirma a dignidade, a potência e a resistência das periferias de Fortaleza e de todo o Ceará.

Sobre o CDVHS

O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) é uma organização da sociedade civil que atua na defesa e promoção dos direitos humanos. O CDVHS conta com o apoio da Agência de Cooperação Misereor e da Fundação Open Society.

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