Texto: Mariany Sousa (estagiária do CDVHS) com a participação de Ingrid Rabelo- Assessora de Juventudes da instituição.

O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza ( CDVHS) realizou no dia 13 de novembro de 2025, o Seminário Garantia de Direitos 2025, que teve como tema central “Juventude e Território: Impactos da questão climática na periferia”. O encontro integrou a agenda da 8ª Semana Cada Vida Importa e reuniu mais de 100 pessoas no teatro Marcus Miranda no Centro Cultural Bom Jardim, dentre o público participaram educadores, lideranças comunitárias e representantes de órgãos públicos.
A abertura contou com apresentação cultural do Batuque do Bom Jardim, grupo animado pelo Núcleo de Articulação Técnica Especializada do CCBJ ( NArTE) seguida da participação das Mães do Curió, representadas por Dona Edna Carla, que reforçou a importância da defesa da vida e da valorização das juventudes nos territórios.
Debate sobre clima, moradia e direito ao território

O primeiro painel do seminário reuniu Joaquim Araújo (Comitê Cada Vida Importa), Isaac, estudante da escola Escola Municipal Professora Lireda Facó e morador da comunidade São Francisco, Jamilson Simões, representante da Regional V e Maísa Dantas,representante da Secretaria de Juventude do Ceará.
Entre os temas abordados estiveram:
- impactos ambientais no cotidiano das juventudes periféricas;
- poluição do Rio Maranguapinho e desafios de preservação ambiental;
- moradia digna como direito básico;
- gestão compartilhada entre poder público e comunidade;
- importância da memória coletiva, com destaque para os 10 anos da Chacina do Curió.
A coordenadora Maísa, representante da secretária Secretaria de Juventudes, destacou a necessidade de políticas habitacionais que dialoguem com a realidade da periferia e convidou as/os jovens a participarem da construção do LabJuv, espaço de criação e desenvolvimento de políticas voltadas à juventude.
Participação da comunidade e direito ao lazer
O público presente levantou questões relacionadas à ausência de espaços de lazer, mobilidade e infraestrutura nas comunidades do Grande Bom Jardim. Isaac, de 12 anos, ressaltou que o CCBJ é a única área de lazer acessível à sua comunidade, defendendo que a infância e a adolescência precisam de mais equipamentos públicos para brincar, conviver e criar possibilidades de vida digna.
Representantes da Regional V apresentaram ações de melhoria em andamento, como a Areninha do Tatumundé e requalificações previstas para áreas de uso comunitário, reforçando que a participação popular é fundamental para a efetivação das obras.
Racismo ambiental, ZEIS e políticas para as juventudes




O segundo bloco do seminário debateu racismo ambiental, direito à cidade e a importância das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS).
O Observatório das ZEIS, representado por Rogério Costa, contextualizou os desafios históricos de desigualdade urbana e destacou o papel da sociedade civil na efetivação do Plano Diretor e das políticas de moradia.
O IPPLAN apresentou a plataforma Fortaleza em Mapas, com dados sobre assentamentos precários, indicadores ambientais e atualizações do Plano Diretor, que inclui a ampliação das ZEIS e a criação da categoria ZEIS 4, voltada à reparação de danos socioambientais.
Juventudes pesquisadoras: ciência e soluções ambientais no território
Estudantes e a professora da Escola Jocie Caminha de Menezes, idealizadoras do projeto Lamen, apresentaram o Projeto EcoBJ, um aplicativo criado para mapear e denunciar problemas ambientais no território, resultado de pesquisas sobre o Rio Maranguapinho.

Outro destaque foi o projeto da EEMTI São Francisco de Assis- Bom Jardim , chamado Cordéis Sustentáveis, iniciativa que une educação ambiental e resgate da cultura popular , através do reaproveitamento de papel e valorização do trabalho das catadoras de materiais recicláveis, fortalecendo iniciativas de impacto socioambiental no ambiente escolar.
Seminário como estratégias de articulação.
O Seminário Garantia de Direitos 2025 reforçou a importância do diálogo entre juventudes, poder público e comunidade para a construção de políticas que enfrentem as desigualdades socioambientais e garantam o direito à cidade.
O encontro reafirmou o compromisso coletivo com a pauta do Novembro Negro e com a semana estadua Cada Vida Importa, destacando que os desafios climáticos, habitacionais e territoriais só poderão ser superados com investimento em políticas públicas de qualidade.
